O Serviço de Educação Popular (SEDUP) foi criado em 1981 no contexto do regime militar, por iniciativa de D. Marcelo Carvalheira e Ir. Valéria Resende, membros da Igreja Católica alinhada à Teologia da Libertação. A presença do SEDUP na região do Brejo ao longo dos anos, se pautou na realização de ações educativas, com papel significativo na organização popular, no período autoritário militar, com ações voltadas para o processo de retomada dos movimentos populares, assim como no momento de reconstrução da democracia, fortalecendo as organizações representativas dos trabalhadores/as rurais e urbanos, sempre por meio de ações educativas. A iniciativa de criação do SEDUP ocorre com o objetivo de criar um serviço educativo que não fosse igual a escola, que contribuísse com a organização popular, tendo como orientação metodológica a Educação Popular. Na década de 1980 as lutas sociais ganharam densidade, os conflitos pela posse e uso da terra desencadearam ameaças e violências aos trabalhadores/as rurais, assim como os conflitos decorrentes do descumprimento de direitos dos assalariados rurais. Uma pergunta orientou a sua criação: “o que fazer para aumentar a consciência da classe trabalhadora”? As primeiras ações se realizaram junto às CEBs, grupos populares e sindicatos, tendo como tarefa a retomada da organização popular interrompida pelo golpe militar. O trabalho acontecia em estreita relação com as pastorais da Igreja Católica, realizando ações relacionadas à produção comunitária, à educação sindical e à alfabetização, por meio da realização de cursos de alfabetização, direitos trabalhistas, previdência, assim como a elaboração de materiais pedagógicos, boletins informativos e pesquisa sobre as condições de vida da população. Trata-se de uma instituição de caráter educativo que foi se expandindo ao longo dos anos, seja do ponto de vista da incorporação de novos territórios para suas ações, seja na direção de trabalhar com diferentes problemáticas que envolvem a realidade de diferentes sujeitos. No contexto atual, destacamos os territórios de assentamentos da reforma agrária, com trabalho cujo objetivo é fortalecer a organização comunitária e a agricultura familiar, conquistas de políticas públicas para o campo e a produção agroecológica, com a participação dos agricultores/as. Nas periferias urbanas, a ação educativa tem se desenvolvido junto as mulheres, tendo como objetivo, fortalecer seus processos organizativos, autonomia financeira por meio da economia solidária e reivindicação de políticas públicas que contribua para o enfrentamento a violência doméstica. No que se refere aos jovens, a ação tem como objetivo fortalecer suas organizações e seu protagonismo para a conquista de políticas públicas e inserção no mundo do trabalho. Trata-se de uma trajetória muito mais complexa no campo da educação Popular, com ações em diferentes espaços e envolvimento de muitas pessoas, já com mais de 40 anos, com continuidade de suas ações educativas no contexto atual. Para ter mais informações sobre essa prática educativa popular, deixo como referência o artigo: Educação Popular na Paraíba: memória e história do SEDUP No site https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/15984.
Orlandil de Lima Moreira
Sociólogo, professor da UFPB, associado e colaborador da Associação SEDUP – Serviço de Educação Popular. Publicou o livro Educação Popular na Paraíba: memória e história do SEDUP, em 2021.[1] Sociólogo, professor da UFPB, associado e colaborador da Associação SEDUP – Serviço de Educação Popular. Publicou o livro Educação Popular na Paraíba: memória e história do SEDUP, em 2021.