O sábado, 20 de julho de 2024, vai ficar na memória do Grupo de Mulheres assentamento Celso Furtado como um dia especial para elas e para toda a comunidade: finalmente aconteceu a inauguração da esperada cisterna calçadão – um equipamento de tecnologia social, para o uso coletivo, que irá fortalecer o trabalho com os arranjos produtivos no assentamento.
A cisterna foi viabilizada a partir de um projeto do Sedup – Serviço de Educação Popular, realizado com o apoio da cooperação internacional, através da Misereor, e liderado, no assentamento, pelo Grupo de Mulheres.
Segundo Maria Rozângela da Silva, coordenadora do Sedup, essa cisterna será um diferencial para o trabalho realizado pelas mulheres, numa região que sempre atravessa períodos de estiagem e tem carência de recursos hídricos, e irá fortalecer os arranjos produtivos da comunidade, a exemplo do cultivo de hortas e plantas medicinais, para consumo ou comercialização e também de mudas de árvores nativas para doação aos assentamentos da região que precisem de reflorestamento. “Era um sonho que elas compartilhavam nas nossas reuniões e que se tornou uma realidade”, explicou.
A cisterna calçadão é um tipo de reservatório, coberto, que permite a captação e o armazenamento de águas das chuvas, com capacidade de armazenar 52 mil litros de água. Este equipamento vai beneficiar as 25 famílias que vivem no Celso Furtado, o assentamento que tem a maior dificuldade de acesso à água de qualidade na região.
Gelda Maria dos Santos Moura, do grupo de mulheres, nos conta que “a cisterna é um sonho realizado. Uma tecnologia que a gente sempre almejou para nosso assentamento. Um sonho de todos, não só das mulheres do grupo”. Nas palavras de Gelda “essa cisterna veio para fortalecer a esperança da gente. Se tem uma coisa que a gente tem é esperança. A gente veio numa barraca de lona preta, não tinha terra, hoje a gente tem uma casa para morar, já conseguimos construir algumas coisas e temos a certeza de que outras conquistas virão” concluiu, animada com as possibilidades futuras.
No mês de abril deste ano foi dado início à limpeza do terreno para a construção da cisterna calçadão. Essa primeira etapa contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Areia, que disponibilizou uma máquina para a escavação do terreno. No mês seguinte o trabalho continuou, em ritmo acelerado, com a realização de um grande mutirão com a comunidade para a concluir o contra piso da cisterna. A equipe do Sedup e às famílias do assentamento estiveram juntos a grupo de mulheres nesse mutirão e também ajudaram no processo de construção das placas da cisterna.
Célia Lima Moura, que atualmente preside a associação do assentamento, acredita que esse projeto foi um pontapé inicial para a continuidade do trabalho coletivo, “e quem sabe buscar outras tecnologias que não chegam, para quem mais precisa, que são as pessoas do campo, como as barragens subterrâneas e as fossas ecológicas que, com um pequeno investimento, poderiam mudas a vida das famílias e ainda proteger o meio ambiente”, explicouCélia, que também faz parte do grupo de mulheres que foi formado em 2019.
Tem cisterna nova no assentamento Socorro
Na sexta-feira dia 19 de julho, desta vez no assentamento Socorro, no município de Areia, mais uma família foi beneficiada com uma cisterna de placas construída também através de um Fundo Rotativo Solidário (FRS) apoiado pelo Sedup, também com recursos da Misereor.
A família de Laura Emanuelle, recebeu uma cisterna de primeira água, com capacidade para armazenar até 16 mil litros de água das chuvas. Cheia, esse modelo de cisterna pode garantir 25 litros dia água por pessoa por um período de até cinco meses.
Agora mais uma família terá acesso, de forma rápida e segura, a uma água limpa e saudável para o consumo humano, na portinha de casa. Isso reduz também o tempo e o esforço físico de pegar água em outras fontes como barreiros, olhos d’água, açudes ou rios, muitas vezes percorrendo longas distâncias em terrenos com grandes declives e acidentados.